quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Poema 221

– Você tem um ar triste... 
(Ela me disse.)

– É que, no momento em que te encontrei, soube também 
que já havia te perdido. 

Por isso, fico assim: em permanente luto; 
por nós, pelo mundo. 

Deixo de lado o verão, as praias (sol e céu), 
dinheiro, obrigações de filho, de amigo, 

e desatino a escrever versos 
que jamais serão lidos, 

porque jamais os mostrarei. 

Sim, sou triste. 
E feliz. 

É assim que vivo. 

O diagnóstico não soa lá muito lógico, eu sei. 
Fazer o quê...? 

Somos todos únicos: sou a única testemunha 
da minha própria loucura.
(Filipe Couto)

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