sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Poema 216

Era tudo escuro e áspero no mundo 
quando nos sentamos à mesa - o Amor e eu. 

Pedimos os cardápios, 
escolhemos bebidas e pratos, 

e, aos poucos, à luz de velas, 
o Amor foi se tornando suave e claro pra mim. 

Ele não era o brilho líquido, 
estrelado e espumante, que nos foi servido 
para saciar a sede. 

Também não era o tempero, 
algo amargo, algo doce, 
aguçando corpo e desejo. 

Lembro-me como se fosse hoje. 
Naquela mesa, naquela noite, descobri: 

o Amor é sobretudo a espera, 
como eu jamais gostaria que fosse.
(Filipe Couto)

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