– Pergunte primeiro de onde vem, pra onde vai, o que quer, o que traz.
– Papai, pergunto, e ela não me diz nada. Pára, e sorri com os olhos, clareia o que é madrugada. Devo chamá-la?
– Mande-a embora... Que coisa posso querer com alguém trazido pelo vento? Que não gosta de palavras?
Meu pai gostava de tudo claro e certo;
eu gostava de mistério,
de fazer sombra ganhar asa.
Ainda hoje, quando venta,
faço de conta que é comigo
e espio, menino, a janela:
quem sabe ela ainda me espera?
(por Filipe Couto)