segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Poemas 37 e 38


O poema 13 (Sobre Travessias) foi um dos mais controversos que eu já publiquei aqui. O que poucos sabem, no entanto, é que esse poema contém elementos de um outro, mais antigo, que eu tinha escrito. Como o trabalho tem me consumido muitas horas, resolvi publicar a versão mais antiga para não deixar o blog vazio esta semana. Aproveito para deixar um outro poema "velhinho", mas que tem um grande valor sentimental para mim. Boa semana a todos (e torçam pela minha sobrevivência)!


Sobre Seus Olhos

Tarde demais para esquecer seus olhos...
Eles são tão doces e radiosos,
que estavam postos na minha memória
antes de a nossa história acontecer...

(Quando a imagem dela tudo invade,
e toma conta deste coração,
que ainda bate, não resisto ao sonho,
e abraço bem forte essa saudade...)

Ai, quem me dera fazer dessa espera
algo mais que todo esse falar baixo,
que toda essa esperança secreta...

Poder dizer ao mundo que só quero
abrir os braços, cantar sua chegada,
olhá-la, e não ter que dizer mais nada...


(por Filipe C.)


Sobre um Fim de Tarde

Na vida, não há chegadas nem partidas...
O que há são longas e penosas travessias
a que estão sujeitas as nuvens, as lágrimas, os dias.

Submetidas a essa condição, as coisas
(inconscientemente)
teimam, insistem, lutam
e existem.

Algumas, para isso, se agarram às nossas calças
(ou às nossas almas)
(ou aos nossos colos)
(ou aos nossos olhos).

Outras
(as mais perversas e perigosas)
arrancam de si próprias cânceres
realizam os mais complicados transplantes
e sobrevivem, travestidas de lembranças
que amanhecem num fim de tarde qualquer...
(por Filipe C.)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Poema 36


Sobre Gavetas (ou Gaveta de Guardados)

Na minha gaveta de guardados,
deixei todos os retratos,
todas as cartas e recados
(que você nunca me deu).

Escondi tuas amantes,
esqueci teu jeito errante,
esse teu jeito tão distante
(de quem nem me conheceu).

Larguei lá meus desatinos,
meus olhos, teu sorriso,
meus sonhos, teus carinhos
(todo amor que não valeu).

Fiquei só com esse meu medo,
com teu nome, meus receios.
Fiquei só com esse segredo
(esse silêncio todo meu...).


(por Filipe C. / musicado por Priscilla Frade)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Poemas 34 e 35


Sobre Medidas


Pudesse eu medir
meu mundo com as tuas mãos,

e (ainda assim) enxergar
as chuvas e as flores
como elas realmente são.

(por Filipe C.)


Sobre Mergulhos

Quando, à minha volta,
o escuro faz tudo mais naufragar,

eu mergulho no tempo, nado
e invento como tudo poderia ser.

(abençoado é esse momento
que me leva até você)
(por Filipe C.)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Poema 33


Sobre o Mar

“Navigare necesse; vivere non est necesse”

Navego meus olhos
com o fim de tarde ao colo.

(em que portos
estarão minhas memórias?
os meus amores? os meus irmãos?)

Ancoro meu horizonte
com qualquer barbante:

há dias em que o mar todo
cabe bem nas minhas mãos.

(por Filipe C.)