Sobre Sonhos
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus./ Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor./ Porque o amor resultou inútil.
(Carlos Drummond de Andrade)
(Carlos Drummond de Andrade)
O céu plúmbeo nada anuncia.
Nem a chuva
(outrora, memória; agora, apatia).
Mas chega um momento
em que (sem heroísmos ou egoísmos)
é preciso inventar um pequeno barco no ar
(ou um outro sonho qualquer
que nos arranque o chão dos pés).
Chega um momento
em que não se pode aguardar o vento,
em que temos que nos arremessar ao mar.
Porque é urgente salvar o amor.
Chega um momento em que é urgente amar.
(por Filipe C.)
Sobre Rosas
A certeza da lágrima não fez murchar essa rosa.
Tão delicada e clara (tudo mais era nada!),
ela só se deslumbrava com a hora de fenecer.
(porque se sabe finita, cada pétala ganha
mais cor ainda ao som do entardecer...)
Mas as minhas lágrimas não são certas,
nem minhas rosas estão despertas...
Sem ocaso, meu mundo
(infinito e opaco)
ainda espera por você.
(por Filipe C.)