segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Poemas 31 e 32

Há cerca de um mês, duas pessoas que sequer conheço, mas que freqüentam este blog, resolveram me escrever para "desabafar" (nos termos de uma delas) algumas de suas questões pessoais. Respondi a elas da melhor maneira possível e hoje nem sei como tudo ficou em suas vidas. O fato é que os dramas humanos são objeto poético e, por isso, a história delas foi transformada nos poemas a seguir. Boa semana a todos!

Sobre a Terra
"faço o melhor que sou capaz
só pra viver em paz"
Marcelo Camelo

Ah, quem me dera
derramar-me sobre a terra
e ser dela antes grama que flor.

(meu destino não é ser colhido:
é servir de abrigo para o orvalho
escondido que o sol nunca secou)
(por Filipe C.)

Sobre Expectativas

I

Por viver de expectativas,
acostumei-me a conservar
fechado o meu diário de viagem.

(adiei-me à espera do vento certo para navegar)

II

Por colher (no dia a dia)
mais fantasias que memórias,
talvez hoje pudesse até rasgar minha vida

(confuso rascunho de uma história nunca escrita)
(por Filipe C.)

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Poema 30


Sobre Cicatrizes

Não pudeste ser
o meu refúgio, a minha mina escondida;

foste antes o palco iluminado em que
se apresentaram sonhos, medos e feridas.

Para te lembrar, não precisarei de retratos:
bastará olhar o meu próprio peito com cuidado.

(serás sempre a minha mais linda cicatriz)

(por Filipe C.)

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Poema 29


Sobre Costumes

Nem o luar, nem as estrelas:
as luzes, antes acesas,
todas se apagaram.

(foi por medo ou por cansaço que
eu fiquei tantos anos ao teu lado?)

Deito vestido
para que acredites
no meu sono fingido
e não te chegues tão perto.

(meu corpo não estranha mais o teu,
mistério já resolvido por completo)

Cuidaste sempre tanto
de mim (e dos meus desastres)
que, se hoje te beijasse, cometeria incesto.


(por Filipe C.)

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Poema 28


Sobre Folhas

Na suave folha
que corta o vento,
tento (sereno) me segurar...

(moro em castelos
de areia, ilhas, poemas:
sei que assim será sempre
um problema conseguir me encontrar)

Mas, ainda que a minha vida
seja uma tola ilusão,
entrego a ela (mesmo sozinho)
todo este meu coração.


(por Filipe C.)