terça-feira, 26 de agosto de 2008

Poemas 88 e 89


Sobre Decisões


(Para ter espaço)
apertei o passado
num canto da mala.

Antes de partir,
lacrei meu quarto
com o escuro dentro.

(por Filipe C.)

Sobre a Cerveja

Porque a noite
nem sempre é cuidadosa
com seus cúmplices,

insisto em beber
um pouco desse sol gelado
(com poucas nuvens),

que desce emprestando
a luz que deixa homens e deuses
gloriosamente impunes.

No copo vazio
(estranha concha provisória)

o imprevisto vaticínio
de todas as histórias.
(por Filipe C.)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Poemas 86 e 87


Sobre Angústias


Será que Deus
vai um dia me redimir

de todos os pecados
que eu nunca cometi?

(por Filipe C.)

Sobre Casas Antigas

Gosto da sabedoria
das casas antigas:

nem todas as janelas
abrem facilmente.

E mesmo as que o fazem
precisam de um suporte

para não fechar
de repente.

(por Filipe C.)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Poemas 84 e 85


Sobre Limites


Não me dês o céu,

que o céu é limite
de tudo que existe.

E a vida
(ah, a vida...)
a vida é muito mais querida

quando
sonhadoramente

desmedida.

(por Filipe C.)

Sobre Mudanças

O amor
trouxe suas malas

e fez minha alma
mudar de casa.
(por Filipe C.)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Poema 83


Sobre Encantos


Assim me são teus olhos:

uma terra doce e estranha,
repleta de montanhas
(todas coloridas,
tocando o céu);

uma cidade
tomada por crianças
(todas sorrindo
num imenso carrossel).

(por Filipe C.)