segunda-feira, 28 de maio de 2007

Poema 9


Sobre Despedidas

Era ela (só ela...) quem povoava
meu mundo quando a noite vinha apagar
as cores e os perfumes de todas as flores.

Era ela (meu deus...era ela...) quem tecia
metros e metros dos sonhos (que eu vestia),
e das palavras (que me criavam lindas fantasias).

Foi ela quem rabiscou a minha identidade,
brincou de esconder com os meus olhos,
pulou corda com a minha sanidade...

Mas, um dia , esqueceu-se da minha voz, das minhas carícias,
perdeu meu endereço, jogou fora minhas camisas,
apagou as marcas do meu corpo, rasgou as minhas fotografias,

e sumiu como uma estrela, das que se escondem ao nascer de um dia...



(por Filipe C.)

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Poema 8


Sobre Aniversários
Imagino o artista num anfiteatro
Onde o tempo é a grande estrela
Chico Buarque

Até ontem o tempo
me ditava a vida e o pensamento,
sem que eu pudesse perceber...

Só que a partir de hoje vai ser tudo diferente:
se ele quiser me enganar de novo,
vai ter que me encarar de frente
olhando no fundo do meu olho.


(por Filipe C.)

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Aviso

Em função do lançamento do "Blog de Aula" no Globo, volto a postar até quinta-feira! Desculpem-me!

(Filipe C.)

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Poema 7


Sobre o Passado

Um dia, não deixaremos que o passado dance
com as lágrimas rasas dos nossos olhos...nem que ele brinque
de faz-de-conta, com o que restou do nosso espólio.

Um dia, retiraremos as máscaras que impusemos
às nossas dores e vestiremos (com orgulho) a verdade,
com todas as cores que o cinza sonha ter.

E, assim, um dia, cara-a-cara, não diremos nada:
assumiremos, convictos, o silêncio dos vazios
que nos preencheram nessa estrada.



(por Filipe C.)

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Poema 6


Sobre Perdas
The art of losing isn't hard to master
Elizabeth Bishop
porque nada na vida é definitivo
(nem a memória, nem seu sorriso),

aprendi desde cedo a trancar todas as gavetas
e a varrer pra fora de casa certos detalhes
(suas juras, seus vestígios, seus olhares).

nada nesta vida é seguro:
é sempre melhor perder de uma vez tudo
que ser refém de pequenas ausências no futuro...
(por Filipe C.)

terça-feira, 1 de maio de 2007

Poema 5


Sobre Dias de Chuva

Por entre hordas de buracos, postes e ratos,
por entre vitrines e espelhos a cada segundo multiplicados,
por entre gemidos metálicos e carros acelerados

(neles homens buzinam a vida, mas seguem calados e amargos),
passo por espaços cheios da tua figura.

(Na rua, a noite escura rouba, oportuna, todas as sombras tuas...)

A lua (ainda tímida, ainda muda) ponteia distante o céu.

E eu, fiel a minhas tolas juras,
caminho por esta chuva,
carregando meus sonhos
numa sacola de papel.



(por Filipe C.)