segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Poemas 22 e 23

Separados por exatos três anos, os dois poemas abaixo tratam do mesmo casal, do mesmo relacionamento. Obrigado pelas quase duas mil visitas em menos de três meses e pelos comentários constantes! Boas leituras!

Sobre o Céu

Porque o céu são diamantes exatos,
frios e distantes, ponho meus olhos
ainda estanques sobre a terra.

Porque na terra não há mais
que folhas derramando lentamente
na estrada o seu fim, ponho meus olhos
(assim tristes, assim fatigados) sobre mim.

Porque em mim só vejo o escuro,
duro fundo de uma alma sem rumo,
Ponho meus olhos sobre ti.

(e fico...)


(por Filipe C.)
Sobre Tolices

Porque não conseguia mais dormir,
esta noite destruí suas fotografias,
seus presentes, suas poesias.

Porque já não suportava mais
me sentir desse jeito, arranquei do peito
todos os meus planos (perfeitos)

e exigi do meu coração que se desse ao respeito
e não aceitasse nunca (nunca) nenhuma
lembrança maluca que você pudesse oferecer.

(mas esse quarto escuro, essa cama vazia
são tristes subornos que a minha
saudade bandida insiste em receber)

(por Filipe C.)

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Poema 21


Sobre Confissões

Guardo cada um dos teus beijos
debaixo do meu travesseiro.

(assim, quando o céu se põe,
e meus olhos não estão mais acesos,
ainda brinco com todos eles em segredo)


(por Filipe C.)

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Poema 20


Sobre Balões

Balões só são bonitos
se o vento os tirar pra dançar;

se (de repente) eles subirem sozinhos,
com piruetas e rodopios e outras evoluções pelo ar;

se houver o perigo de a gente ficar
com o olhar perdido (por vidas a fio)
esperando-os voltar...

(ah, não me prendas tão forte assim, então:
todo amor só cresce de verdade
quando também é balão...)


(por Filipe C.)

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Poema 19

Sobre a Verdade
Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
Fernando Anitelli

A verdade é como um rio em que
somos obrigados a nos atirar.

De mãos dadas mergulhamos (já distantes da nascente)
e, valentes, batemos contra pedras,
nadamos contra correntes,
até que (uma hora), quando ela quase nos afoga,
nos soltamos para nos salvar.

E, assim, separados (saudade perversa),
conseguimos, em margens diversas,
finalmente respirar.

Mas enquanto você estiver do outro lado
(à distância de um grito,
esperando antes um abrigo
que o conforto de um lar),

enquanto você estiver do outro lado
(sentado, calado, sozinho,
com seus olhos tão lindos
que me mentem a dor desse lugar),

enquanto você estiver do outro lado
(com frio, à mercê da noite e dos seus perigos),

ainda há sentido em novamente mergulhar:

porque, cedo ou tarde, os rios todos passam,
e eu só tenho a vida inteira pra te amar.


(por Filipe C.)