domingo, 18 de janeiro de 2015

Poema 218

Era uma tarde quente (dessas que 
o Rio nos reserva em dezembro), 

e eu respirava mar 
quando uma onda se quebrou 

bem à minha frente. 

Tentei escutá-la, entender 
o que, em estrondo, ela dizia. 

Nada. 

Pedi ajuda a poetas dos mares: Camões, 
Pessoa, Cecília, Vicente, Caymmi, Sophia. 

Nada. 

Tudo que a onda dizia me era inaudível 
e afogava minha fantasia: 

era um mundo todo novo que se abria, 
um mundo tão perigoso que não me deixava alternativa: 

prendi-o. 

Hoje ele agoniza com porta trancada, chave passada, 
n'alguma cela escondida dentro de mim. 

Eu, que só quero um mar sereno, 
onde meu sonho possa nadar em silêncio 

e paz.
(Filipe Couto)

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