sei quase nada, Coisa Amada.
Desconfio de algumas coisas, no entanto:
sei que deve haver algum parque ainda verde num canto,
um peito - sem medo, ainda aberto - me esperando,
uma chuva, para fazer brotar da terra,
num pranto de descoberta, um novo mundo.
Mas nada disso é certo, Coisa Amada.
Tudo te espera, sem saber se a tua volta (a tua chegada) é certa.
Hoje mesmo fez um sol agudo, que me machucou muito,
e que fez do solo algo um pouco menos fecundo.
Admito que houve uma brisa em algum ponto no meio tarde,
mas ela - tão fraca - nem levou sonhos ao longe, nem aliviou o que lá no fundo arde.
Será que tens a chave de tudo, Coisa Amada? Serás tu a brisa certa,
o parque verde, o peito aberto, a chuva fecunda, o pranto da descoberta?
Creio nisso e aguardo o futuro, sem pressa.
Sim, correrão dos teus olhos algumas lágrimas, quando for preciso;
sim, teu corpo todo vai se estremecer em dias de riso.
És tu, Coisa Amada, a força que movimenta o mundo (o meu mundo);
E tu - só tu - sabes disso há muito:
desde que renasci ao te ver;
desde o início do tudo.
(Filipe Couto)
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