há uma imagem que não se decifra ao espelho.
Sei que é algo leve e triste, sem nome ou endereço;
algo sozinho; sozinho contra o mundo inteiro.
Sei também que às vezes é dançarino
e se apega ao pouco ritmo que bate em meu peito;
outras vezes é uma luz fraca,
que luta, mas se apaga atrás das pálpebras.
Sei, por fim, que a amo,
mesmo que ela não se revele ou se entregue;
eu a amo na simplicidade do não saber, nem ter;
naquele ambíguo espaço em que a cabeça é pouca
e a alma é tanta,
que cabem, juntos, o medo e a esperança.
(Filipe Couto)
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