terça-feira, 4 de novembro de 2014

Poema 201

No fundo dos meus olhos, 
há uma imagem que não se decifra ao espelho. 

Sei que é algo leve e triste, sem nome ou endereço; 
algo sozinho; sozinho contra o mundo inteiro. 

Sei também que às vezes é dançarino 
e se apega ao pouco ritmo que bate em meu peito; 

outras vezes é uma luz fraca, 
que luta, mas se apaga atrás das pálpebras. 

Sei, por fim, que a amo, 
mesmo que ela não se revele ou se entregue; 

eu a amo na simplicidade do não saber, nem ter; 
naquele ambíguo espaço em que a cabeça é pouca 

e a alma é tanta, 
que cabem, juntos, o medo e a esperança.
(Filipe Couto)

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