sábado, 12 de janeiro de 2013

Poema 157

Foi num sonho (desses que nos pegam 
pelo pé na madrugada) que vi você numa praia 
a contemplar o mar e tudo que mais existe. 

Ali, como a perceber minha presença, 
começou a brincar e a apontar cores 
que ninguém nunca tinha visto, 

e a achar graça do meu espanto, 
enquanto a brisa me abraçava 
com o gosto e o perfume da vida. 

Ficamos os dois assim, juntos, à distância do mundo. 
E você me explicava como são tolas as guerras e a economia, 

e como é absurdo e desumano viver em tanta correria 
para ter o que não se precisa. 

Lado a lado, caminhamos de volta à casa 
(sem mistério, sem peso, sem nada) 

e o sol, em vez de iluminar o caminho, 
só revelava a luz que ele já continha.
(Filipe Couto)

2 comentários:

Maria T disse...

chorei!

Anônimo disse...

É o meu preferido até agora !