Quando os penteava, volta meia voavam alguns sonhos pela janela e viam-se príncipes e princesas se misturando às estrelas.
Perguntei se ela não poderia me ceder um ou outro devaneio para compensar essa minha falta de jeito com o abstrato.
E ela me respondeu: "Não se dá um sonho de travessia a quem anseia apenas pelo porto. Meus sonhos são meus, e ninguém pode ser tolo de achar que eles cabem em qualquer outro corpo."
Resignado, colhi meus cacos. Colei-os. Sem querer, formei um caleidoscópio, que me mostrou a vida de um novo jeito.
Bom ou ruim? Não sei. O olho não é mais o mesmo. É outro.
(Filipe Couto)
Nenhum comentário:
Postar um comentário