Empaquei meu poema num ponto.
À esquerda, o discurso posto, já morto,
e, como todo morto, incompleto
(que vida e morte são duas faces
do mesmíssimo mistério).
2.
À direita, neblina. Só neblina.
Esperar que ela se desfaça,
e a ideia clara irrompa precisa?
Prosseguir, pé ante pé, com cuidado,
evitando e aguentando possíveis buracos?
Ou entregar-se à névoa,
fundir-se a ela
e viver em estado de vírgula,
sempre à espera?
3.
Quanta metafísica, meu Deus...
E eu só queria nesta tarde fria
um pouco mais de poesia...
(por Filipe Couto)
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