sábado, 27 de setembro de 2014

Poema 198

1. 
Empaquei meu poema num ponto. 
À esquerda, o discurso posto, já morto, 
e, como todo morto, incompleto 

(que vida e morte são duas faces 
do mesmíssimo mistério). 

2.
À direita, neblina. Só neblina. 

 Esperar que ela se desfaça, 
e a ideia clara irrompa precisa? 

Prosseguir, pé ante pé, com cuidado, 
evitando e aguentando possíveis buracos? 

Ou entregar-se à névoa, 
fundir-se a ela 

e viver em estado de vírgula, 
sempre à espera? 

3. 
Quanta metafísica, meu Deus... 
E eu só queria nesta tarde fria 
um pouco mais de poesia... 
(por Filipe Couto)

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