quarta-feira, 4 de março de 2015

Poema 223

Chega a noite, momento de oração: 

Quando eu por acaso te encontrar nestas ruas, 
Coisa Amada, proteja-me das tuas faces 
(coradas, vermelhas), porque elas são flores, 
e eu sou abelha: se juntas, mais que perfeitas. 

E eu sei que não me notarás: tenho uns quilos 
a mais, uns cabelos brancos e uma enorme 
dificuldade de começar um assunto com 
alguém cuja voz (tua!) silencia tudo. 

Prosseguirei meu caminho. Sem ti. Mas ainda 
te procurando ao fundo de cada garrafa de 
cerveja, em cada fim de tarde que apareça. 

Já me embriaguei demais nesta vida, Coisa 
Amada, principalmente de poesia. E não 
posso continuar desse jeito, nesse 

desespero... Passa longe de mim. Agradeço. 
Que assim seja.
(Filipe Couto)

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