quinta-feira, 19 de março de 2015

Poema 232

Quem nunca dormiu ao lado
de um um labirinto ou de um abismo;


quem nunca chamou seus fantasmas (mortos
ou vivos) pra chorar uma sofrência desesperada;


quem nunca fez o coração de colete e se atirou
ao mar para salvar um peixe que se afogava;


todos esses estão condenados à vida de verdade.
Aos demais, resta-nos a melhor parte:


o que não existe, a vertigem, o perigo.
E aí o amigo ressabiado pergunta: "Mas isso vale a pena?"


E eu respondo de pronto: "Claro! 

É lá que mora o poema!"
(Filipe Couto)

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