terça-feira, 10 de março de 2009

Poema 105


Sobre Viagens


Pôr-se (mesmo que inteiro) num navio
ainda não é navegar:

é preciso afastar corpo e mente das margens,
ver de longe a ponta do cais;

é preciso estar além das ondas, além das sombras,
além das rotas ou dos mananciais;

é preciso dar a cara pro vento,
sentir na pele o tempo distanciar;

é preciso desmanchar os sonhos,
perceber a razão da estrela e do mar;

é preciso transcender-se
para dentro

(que às vezes é próprio da alma
esse vício de ancorar).

(por Filipe Couto)

15 comentários:

Anônimo disse...

''(que às vezes é próprio da alma
esse vício de ancorar)''.

Bastante filosófico, viajar...
Muito bom, mestre! =]

Dênis Rubra disse...

" é preciso afastar corpo e mente das margens,
ver de longe a ponta do cais; "

De nada vale afastar somente o corpo, nao é mesmo. Muito bom!

Sérgio Medeiros disse...

Já que todo mundo cola os versos preferidos, eu vou colar também :-)
"Pôr-se (mesmo que inteiro) num navio
ainda não é navegar:"

Anônimo disse...

Esse poema é muito, muito bom... Fiquei uma hora lendo cada verso... Gostei de verdade, Filipe. Acho que é um dos seus melhores trabalhos!

"é preciso transcender-se
para dentro"


;)

Unknown disse...

Ai, Filipe... Esatava com saudades desses poemas mais profundos que você costumava escrever! Você tem uma capacidade absurda de explorar os sentimentos... Não deixa de escrever assim não!

Anônimo disse...

Me sinto sempre meio puxa-saco comentando aqui, mas é que eu realmente gosto de TUDO!
Esse último poema foi um dos especiais pra mim. Intenso e de grande identificação.
Como sempre, você fechou com chave de ouro falando do "vício de ancorar". Tocou mesmo. Parabéns.

Blog do Poeta Sandro Pinto disse...

Lindo demais, Filipe. Parabéns, delicioso poema. Viajei!

Anônimo disse...

"é preciso desmanchar os sonhos,
perceber a razão da estrela e do mar"

É... É preciso desmanchar os sonhos sim... às vezes ficamos tão presos à idéias passadas que esquecemos de repensar a vida, esquecemos de viajar, de nos conduzir pelas estrelas!

Sou mais uma a engrossar o coro daqueles que acharam esse poema um dos mais lindos que já apareceram por aqui. Você é um ótimo poeta, Filipe. Não se esqueça jamais disso!

Parabéns de verdade!

Anônimo disse...

A verdade é que o final do seu poema é simplesmente uma coisa linda de se ler. Me arrepiei toda...

Anônimo disse...

Nossa! Eu fico lisonjeada em saber que alguém como você leu as minhas postagens. Te admiro muito mesmo. Visito seu blogue pelo menos três vezes ao dia, às vezes me pego lendo todos os textos. Leio os que mais gosto, os que eu não entendo, os que são curtos, tanto faz...
Acho incrível esse compartilhamento de sabedoria, ainda mais com essa leveza toda que você traz.
Obrigada pelos elogios! Ainda tenho muito que aprender e vou, buscando aqui (acredite) sempre um pouco mais de inspiração! Beijos

Livia Fada disse...

"(que às vezes é próprio da alma
esse vício de ancorar)."

Impressionante como você consegue colocar em palavras sentimentos que, muitas vezes, não consigo nem explicar!
É verdade... às vezes nossa alma tem essa mania louca de estagnar... mas pra que parar se a vida continua, não é mesmo? =)

Belo poema, Couto!
Beijos.
Saudade das suas aulas!

Filipe Couto disse...

Obrigado mesmo pelos comentários, pessoal!

1 - Daniel, viajar é sempre mais difícil que parece, né?

2 - Dênis, valeu pela força, meu velho!

3 - Sérgio, esses versos são a própria premissa do poema! Que bom você ter gostado!

4 - Vivi, não sei se é dos melhores, mas foi bastante significativo! =)

5 - Rebecca, pode deixar qe esse lirismo mais introspectivo sempre vai aparecer por aqui! =)

6 - Mileninha, não fica com vergonha de escrever aqui, não! Suas opiniões são sempre legais! =)

7 - Sandro, taí... é a razão de ser do poema: fazer viajar! Vale, meu caro!

8 - Camilla, você escolheu os versos mais "difíceis" do poema... Mas era isso mesmo que eu queria dizer! =)

9 - Catarina, coisa linda é ler que vocês gostaram desse trabalho! Isso é que arrepia!

10 - Marcellinha, obrigado por tudo! =)

11 - Livia, você disse tudo: "mas pra que parar se a vida continua". É isso aí!

Fernanda disse...

Bom demais esse blogue hein?
Bom reviver... Beijos

Filipe disse...

Fernanda, obrigado pela visita!

Que bom você ter gostado desas palavras!

Beijo!

Anônimo disse...

Vamos lá:

1) "Pôr-se (mesmo que inteiro) num navio
ainda não é navegar:"

Para que esperar muito pra dizer a que veio? Esse início é fantástico.

"2) (que às vezes é próprio da alma
esse vício de ancorar)."

Como engenheiro que sou (apesar da incursão real na Filosofia), preciso discordar do primeiro comentário da lista. Melhor do que versos filosóficos, esses aí são pura práxis, o quotidiano humano em sua melhor versão.

Abração.