O poema 13 (Sobre Travessias) foi um dos mais controversos que eu já publiquei aqui. O que poucos sabem, no entanto, é que esse poema contém elementos de um outro, mais antigo, que eu tinha escrito. Como o trabalho tem me consumido muitas horas, resolvi publicar a versão mais antiga para não deixar o blog vazio esta semana. Aproveito para deixar um outro poema "velhinho", mas que tem um grande valor sentimental para mim. Boa semana a todos (e torçam pela minha sobrevivência)!
Sobre Seus Olhos
Tarde demais para esquecer seus olhos...
Eles são tão doces e radiosos,
que estavam postos na minha memória
antes de a nossa história acontecer...
(Quando a imagem dela tudo invade,
e toma conta deste coração,
que ainda bate, não resisto ao sonho,
e abraço bem forte essa saudade...)
Ai, quem me dera fazer dessa espera
algo mais que todo esse falar baixo,
que toda essa esperança secreta...
Poder dizer ao mundo que só quero
abrir os braços, cantar sua chegada,
olhá-la, e não ter que dizer mais nada...
(por Filipe C.)
Sobre um Fim de Tarde
Na vida, não há chegadas nem partidas...
O que há são longas e penosas travessias
a que estão sujeitas as nuvens, as lágrimas, os dias.
Submetidas a essa condição, as coisas
(inconscientemente)
teimam, insistem, lutam
e existem.
Algumas, para isso, se agarram às nossas calças
(ou às nossas almas)
(ou aos nossos colos)
(ou aos nossos olhos).
Outras
(as mais perversas e perigosas)
arrancam de si próprias cânceres
realizam os mais complicados transplantes
e sobrevivem, travestidas de lembranças
que amanhecem num fim de tarde qualquer...
(por Filipe C.)