segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Poema 212

Não estava à beira do abismo 
quando você me encontrou: 

pelo contrário, planava livre sobre 
pastos verdejantes, cheios de flores. 

Mas existe em todos esse desejo 
insaciável e misterioso de pouso, 

e eu me dei inteiro, como nunca antes, 
para o cuidado delicado do seu beijo. 

Amamos juntos. Perdi a intenção do voo: 
eram meus seus olhos, era seu meu corpo. 

Seus pés e passos levaram-me consigo 
a terras que jamais havia visto. Numa delas, 

você me largou. Perdoo seu deixar de amar, 
Coisa Amada. O amor que você me deu, não. 

Não o perdoo.

(Filipe Couto)

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