sábado, 26 de julho de 2014

Poema 192

Ainda agora 
(ainda agora, amigos meus) 
foi-se embora alguma coisa de mim. 

Não deixou bilhete, nem grito: 
apenas vazio (seria abismo?) 
e um sábado, de coração aflito. 

Sei que levou consigo algo mais, 
algo precioso, que ainda não percebo, 
mas sinto. 

Por isso, tranco portas e janelas, 
ergo fossos e muros, 
apago sol e lua: 

Numa outra fuga, podem me levar tudo, 
e não restar nada de mim mesmo. 
Ou dela. 
(por Filipe Couto)

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