sábado, 19 de julho de 2014

Poema 191

Certa vez, arrumando meu sobrinho, 
ajudei-o a colocar uma camisa 
antes que ele fosse embora. 

A camisa já era pequena; 
menor ainda a gola. 

E, por alguns segundos (mínimos) fiquei sem ver seu rosto 
e vi seu esforço para emergir do escuro 
que eu, para protegê-lo, havia imposto. 

Pensei tê-lo machucado, arranhado, 
e nervoso pedi desculpas e repeti quanto ele era amado. 

Sei que você, que me lê, 
deve estar pensando "quanto desespero 
por um troço tão bobo..." 

E eu te pergunto, amigo, 
quando se ama, como não ser louco? 
(por Filipe Couto)

Um comentário:

Renata Portugal disse...

Minha inspiração é você...