quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Poema 175

O que é o amor senão 
o encontro do lápis com a folha branca; 

não do lápis pensado - preso a uma mão opressora,
certa do desenho - cuidadoso para não derramar
uma gota de sílaba ou de sentido fora do contorno; 

mas do lápis que, imprevisível em seu curso, 
projeta formas e linhas e retas que não existem, 
e deixa a própria folha (tão branca) sem rumo. 

O poema - lápis e papel em vida - só termina (começaria?)
quando aquele leitor ranzinza, que busca a verdade de tudo,
 
se perde mais e mais ainda.
(por Filipe Couto)

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