quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Poema 173

Neruda, numa noite como esta, 
depois de tantos sinais fechados, 
de tantas buzinas tentando mover o tráfego, 
de tanta fumaça embaçando sonhos, diálogos, 

poderia escrever versos ainda mais tristes que aqueles de outrora: 
"A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros lá ao longe". 

Porque hoje não há estrelas, nem azuis, e os astros 
são mentiras criadas por alguns malandros,
que andam enganando tantos moços e moças 
com essa fantasia de prever destinos. 

Hoje, na profusão das coisas acontecidas, 
a noite se fez mais fria. 

E quem tirita
(com a alma em fogo e agonia)
sou eu. 
(por Filipe Couto)

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