quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Poema 159

Amanhã (poema em dois movimentos)

1.
Amanhã não será outro dia,

pois que a vida de verdade (não esta fingida
das fotos, das festas, dos comerciais de margarina) 

não tem começo, nem fim.

Continuaremos, pasteurizados, em marcha,
a dar de cara com os mesmos erros e acertos,

prontos para consumo imediato,
em busca da alegria que nos prometeram.

2.
Antes de me recolher, no entanto, posto-me 
em frente ao espelho, e não me reconheço:

"– Quem é esse nas minhas roupas,
usando meu nome, meu rosto,
deixando palavras na minha boca...?
Quem é? Que coisa quer, de onde vem?"

Sem resposta, maquinalmente, programo 
o despertador (uso uma composição de Chopin)
e me ponho a dormir.

Quem sabe amanhã?
(por Filipe Couto)





Um comentário:

Maria Trindade disse...

Filipe.. Parabéns! Esse Poema eh surreal....