1.
Amanhã não será outro dia,
pois que a vida de verdade (não esta – fingida –
das fotos, das festas, dos comerciais de margarina)
não tem começo, nem fim.
Continuaremos, pasteurizados, em marcha,
a dar de cara com os mesmos erros e acertos,
prontos para consumo imediato,
em busca da alegria que nos prometeram.
2.
Antes de me recolher, no entanto, posto-me
em frente ao espelho, e não me reconheço:
"– Quem é esse nas minhas roupas,
usando meu nome, meu rosto,
deixando palavras na minha boca...?
Quem é? Que coisa quer, de onde vem?"
Sem resposta, maquinalmente, programo
o despertador (uso uma composição de Chopin)
e me ponho a dormir.
Quem sabe amanhã?
(por Filipe Couto)
Um comentário:
Filipe.. Parabéns! Esse Poema eh surreal....
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