terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Poema 158

A noite e seus perigos (poema em dois movimentos)


1.
Ninguém sabe quando ou onde a vida pode acontecer
(mas todos a procuram, todos a esperam).

Perdida nos passos febris da cidade,
ela passa distraída:
joga-se à frente de um, de outro desvia;

uns a ganham, brincam, enjoam,
outros a perdem (ficam loucos),
e muitos sequer a reconhecem.



2.
Mas, se ninguém sabe onde ou quando, saberia
por quê?

Por que ter essa ferida exposta ao sol 

e ao sal do mundo? 
Por que armar a bomba, tatear o escuro?

No meu quarto
(que poderia ser qualquer quarto deste Rio pintado de gritos),

há uma janela, uma cama

e uma esperança que me sussurra ao ouvido:

" Moço, deixa disso... Dorme pra esquecer..." 

(por Filipe Couto)

2 comentários:

Carlos Bianchi de Oliveira disse...

Filipe,

Sinto que você está pegando ritmo e, a inspiração criativa, voltando a despertar com energia revigorada. Bom para nós que acompanhamos a qualidade refinada da sua arte.

Carolina disse...

"Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança" (Chico Buarque)
; )