passei o dia preso,
amarrado às cordas de mim mesmo.
Houve só um momento -
eram duas ou três da tarde -
em que me subiu um peso enorme no peito.
Foi quando abri meu armário
e vi um casaco que há muito não uso.
Tentei-o. Não me coube.
Mas ele ainda guardava
meu cheiro de outra época:
senti-lo me fez de novo cavaleiro
cortejando sua amada donzela.
Guardei o corpo que já foi meu
em meio a tantos outros, que também já passaram,
no mesmo armário e me deitei.
Hoje nada aconteceu.
Passei o dia preso,
amarrado às cordas de mim mesmo.
(por Filipe Couto)
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