domingo, 20 de abril de 2014

Poema 184

Páscoa

Nesta manhã de domingo, 
como em qualquer domingo, 
sento-me à mesa da sala para mais um desjejum:

as mesmas preocupações de sempre, 
as mesmas migalhas de sempre 
caem sobre o prato onde, agora, tirita uma luz. 

(Sim, uma luz.)

Colho-a, de imediato, como quem toma uma criança 
aos braços, e me pergunto: "De onde ela veio?" 

Confiro as janelas: fechadas. 
As lâmpadas: apagadas.

(Será que ela sempre esteve aqui?) 

Nesse instante lembro que tantas vezes fui fraco e falho, 
tantas vezes deixei meu coração tolamente apertado 
e fiz - de tudo que era claro - uma imensa noite...

Permita-me, então, Senhor, renascer contigo 
e viver o dia, como se fosse interminável, 
e viver o dia, como se acabasse hoje. 
(por Filipe Couto)

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