sábado, 17 de agosto de 2013

Poema 170

Insônia

Há no insone algo de semente, 
um mistério encerrado em claustro 
a se bater contra as paredes do sono, 
em meio a tudo que dorme indiferente. 

É dessa semente esquecida pelo tempo 
(e também dele filha) 
que o insone se alimenta: fruto que não existe, 
sem valor para o corpo, sem gosto para alma ou língua. 

E é dentro dessa substância 
sem carne, pele, cor, sabor e vida 
que já reside uma nova semente, 
atenta para ser colhida; 

semente fiel à sua natureza, 
sempre acordada, 
pronta para, das nossas entranhas, 
ser explodida.
(por Filipe Couto)

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