Há no insone algo de semente,
um mistério encerrado em claustro
a se bater contra as paredes do sono,
em meio a tudo que dorme indiferente.
É dessa semente esquecida pelo tempo
(e também dele filha)
que o insone se alimenta: fruto que não existe,
sem valor para o corpo, sem gosto para alma ou língua.
E é dentro dessa substância
sem carne, pele, cor, sabor e vida
que já reside uma nova semente,
atenta para ser colhida;
semente fiel à sua natureza,
sempre acordada,
pronta para, das nossas entranhas,
ser explodida.
(por Filipe Couto)
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