1.
Desnudo-me num novo jogo
em que não sou mais eu
(nome e corpo carregado de promessas)
mas outro.
2.
Ser tantos e tão poucos,
numa sucessão infinda de seres múltiplos e únicos,
ausente de destino,
como rio que se desloca imóvel,
esquecido do que traz ou trouxe.
3.
Mas de que adianta saber-se água
se o mundo quer terra?
Vou-me. Passo.
À frente, ninguém me espera.
4.
Antes que eu me perca,
antes que eu nos perca nessa sucessão de mim,
bebe-me inteiro, amor.
E se não puder
(por já estar saciada a sede)
mergulha-me, transborda-me para a tua terra
e deixa-me ser parte daquilo que te nutre.
E quando surgirem flores, amor,
colhe... colhe o que de mim ainda resta.
(por Filipe Couto)
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