terça-feira, 9 de junho de 2009

Poemas 118, 119 e 120

Com esta publicação, uma novidade há muito solicitada por vários leitores: a versão em áudio do poema ao final do texto. Volto a atualizar o blogue daqui a quinze dias, em 23 de junho.

Não deixem de visitar o meu outro espaço: As Primeiras Palavras ! Beijos e abraços!


Sobre o Tempo – meditação em três poemas

1.
Mesmo que muito eu me persiga,
creio que nunca me alcanço:

tenho horas de muita pressa,
quando tempo é de descanso;

enquanto o passado me carrega,
o futuro já me está fitando.

2.
Foi o próprio tempo (esse mestre impreciso)
que fez de mim esse todo inconstante,

com seu baile indeciso entre ir e vir
(ora para trás, ora para diante),

às vezes combinando
tudo que ainda não foi
com tudo que já foi antes,

sempre mudando, sempre ficando,
sempre dançando, dançando, dançando...

3.
Por isso é preciso tornar-se
inquilino do instante

(passear aquém ou além do destino,
mas viver de verdade no limiar do durante),

dançar com o rosto colado ao tempo,
e fazer de si seu mais terno amante.

Porque talvez
só realmente se alcance

aquele que de si mesmo
nunca se faz distante.

(por Filipe Couto)

23 comentários:

Dênis Rubra disse...

"Porque talvez
só realmente se alcance

aquele que de si mesmo
nunca se faz distante."

Linda a imagem que você criou!

Abraço

Unknown disse...

Perfeito!

Wellington Campos disse...

"Por isso é preciso tornar-se
inquilino do instante

(passear aquém ou além do destino,
mas viver de verdade no limiar do durante)"

E você ainda quer comentários, meu amigo?! Prefiro me calar e ruminar os textos sob a luz da figura do "inquilino do instante".

Forte abraço.

Unknown disse...

Quanta inspiração! Um dos posts mais bonitos que eu já vi por aqui e um dos melhores poemas que eu já li!

Unknown disse...

Fiquei horas e horas lendo e relendo, dançando com as suas palavras e com o tempo. Não consigo eleger uma melhor parte! Tudo perfeito!

Unknown disse...

"às vezes combinando
tudo que ainda não foi
com tudo que já foi antes,"


GENIAL!!!

Só isso...

Ana Luiza disse...

Filipe, você sempre foi brilhante. Nas épocas de faculdade todo mundo sabia que você era especial, único. Mas até hoje fico espantada como você consegue pensar em coisas assim...
O conflito entre o homem e o tempo ("mesmo que muito eu me persiga, creio que nunca me alcanço") só se resolve por força do amor ("dançar com o rosto colado ao tempo,e fazer de si seu mais terno amante").
Por isso sempre te admirei e vou sempre te admirar. Cada vez que entro aqui tenho certeza de que estive do lado de grandes mentes na minha vida.
Beijo.
Ana Luiza

Catita Dias disse...

Gosto mais dos poemas pequenos, mas esse ficou muito bom... E ouvir qualquer um com sua voz é muito bom!
=)

Unknown disse...

O tempo é esse "mestre impreciso" como você descreveu. Ele faz a gente ficar entre o presente, o passado e o futuro sem se definir. Por isso é importante ser inquilino do tempo... Entendi direito? =)

Ter seus poemas lidos por você é perfeito!

Beijo!

Ana Cláudia disse...

Acho que não alcanço tudo que é possivel entender desse poema mesmo depois de ler muitas vezes, mas o que eu entendi me marcou muito!
Mais uma "inquilina do instante" se apresenta aqui!
=)

Mari disse...

o 3 é simplesmente a parada mais absurda do mundo! pqp!

Maria Luiza disse...

Assombrosa essa seqüência de poemas. Algumas imagens são perfeitas demais! Mas nenhuma supera o seu "inquilino do instante"... Você deixa claro que ninguém é dono do tempo. Nós estamos nele, mas não somos donos dele. Que idéia genial! Porque é por isso que temos que fazer o tempo se apaixonar pela gente("dançar com o rosto colado ao tempo, e fazer de si seu mais terno amante"), porque se não somos "despejados" e perdemos a chance de nos alcançar...
Esses poemas dão muito o que pensar!
Parabéns!

Lina Campos disse...

No momento, esse é o meu preferido : )

Livia Fada disse...

Ouvir o poema na sua voz é muito bom!

(Lembro até hoje de um dos primeiros dias de aula no pH que você declamou ‘Morte do Leiteiro’ de Drummond. Coisa linda! Fez muita gente chorar...).

Sem contar que o texto é magnífico... Uma sensibilidade absurda. Traz muita reflexão!

Mais uma vez...
Parabéns, Filipe!

Beijos!

Carolina disse...

Sem mais nada que traduza o que eu penso desse poema, escrevo:

caralho, você é foda.

Sol disse...

Poema encantador.
Você é de uma sensibilidade indiscutível!
Parabéns, Filipe!
Beijo estalado...

Rafael disse...

Muito bom, meu amigo...
Visão diferenciada e técnica apurada: qualidades de grande artista!

Juju disse...

Concordo com o que disseram acima. Gosto muito dos pequenos, mas mesmo assim esse é muito bonito. Adorei! "dançar com o rosto colado ao tempo,
e fazer de si seu mais terno amante" e "às vezes combinando
tudo que ainda não foi
com tudo que já foi antes".
Mas pra falar a verdade, o que mais goste foi matar a saudade que estava de ouvir voce recitar poemas!Só faltou as expressões!rsrs

Bjuxxxxx querido

Renata Portugal disse...

Que inspiração fascinante!
Só podia ser Filipe Couto!!!!
Estou sempre aqui admirando... lendo e relendo essas obras!
saudades!

Continue arrasando!! Muito sucesso, meu querido!!!!

Beijos enormes!!!

Eduardo Fonseca disse...

Que saudade das aulas no pH... =/

Unknown disse...

2 anos que não tenho mais aula contigo, mas ao ouvir a versão em áudio do poema, bateu uma saudade... Parecia que tinha voltado ao tempo. Gostei da iniciativa!

um abraço!

Luciane Slomka disse...

Estou encantada... que coisa linda! Inquilino do instante foi uma das imagens mais bonitas que já li...obrigada.

Anônimo disse...

Filipe, obrigada por vc nos presentear com as suas palavras!!!! Me faz muito bem saber que existe uma pessoa como vc!!!!!Parabéns por tudo!!! Vou estar sempre acompanhando seu sucesso!!! Vc merece tudo de melhor!!!
Beijos